Eu tenho mais de 20 muros...

De nada adiantou o grito, o mito, o conto, a conta. Tudo caiu no chão e quebrou-se em milhões de pedacinho que nunca poderão ser colados novamente. Não da mesma forma.
Não adiantou a lágrima, a lástima, a chuva, a água e a porta que se bateu sem esperança de ser aberta novamente, mesmo que forçada, mesmo que derrubada, já não há mais nada lá pra se ver.
Não houve socorro, apelo, perdão, tensão, prisão que desse jeito naquele lugar e naquele estado que já não deveria mais existir, e não deveria mais incomodar e soltar seu grito estridente e cortante no ar, atingindo nossos tímpanos despreparados para ouvir tal horror, tal rancor, tal torpor.
Não existiu razão, emoção, coração, dor nem amor que fizesse o que é do gelo derreter, o que é do fogo apagar, o que é da terra emergir, e o que é do ar se esvair. Ficou tudo preso, parado, colado, pregado no mesmo lugar alí, sem sair ou se mover, pro desespero de quem lá estava.
Não socorreu a consciência, a subconsciência, a desistência, a persistência e o desejo de tentar e a vontade de voltar e o desespero de perder, de escorrer pelas mãos já desacompanhadas e mais frias pelo passar do tempo.
Se tudo o que eu puder, quiser, almejar, esperar e sonhar for o que me der, o que quiser, o que eu te amar, o que eu chorar e o que eu sofrer. Se tudo for tudo, e nada for nada. Se eu for tudo, que nada sobre. Não sou metade, sou inteira, mas também não sou completa.