de uso diário: não há rótulo

de uso diário

Eu descreveria se pudesse.

domingo, novembro 26

não há rótulo

A menina vivia solta, lépida, saltitante até. Vivia sem saber o porquê da vida, mas isso não importava, na verdade. O que importava para a menina era brincar, e sorrir, e sentir o que ela nem sabia que sentia. Sentir o que é maior que as palavras, sentir o que é a imensidão do céu e do mar só de olhar. Sentir o vento no rosto e nos cabelos a desgrenhá-los. Sentir o quanto é bom um sorvete num dia quente e um chocolate quente num dia frio.
A menina era bela, mas não de uma beleza comum, convencional. Bem, isso também, mas era mais que isso, bem mais. Ela não precisava de roupas elegantes, penteados impecáveis e sapatos lustrosos. Era bonita assim mesmo, de cabelos presos em rabo-de-cavalo, a roupa mais confortável que achasse e pés descalços, tocando o chão, sentindo a terra.
Vivia feliz, com seus brinquedos improvisados e nem sempre caros, mas eram o bastante pra arrancar-lhe um sorriso. E que sorriso lindo. Um sorriso sereno, de quem sabe mais da vida do que deveria, e faz questão de não mostrar, pra não lembrar.
Ela pulava corda na praça, brincava de amarelinha na rua, gostava de subir em árvores e brincar de se esconder. Desenhava mundos fantásticos, criava histórias com final feliz. Dividia como ninguém sua felicidade, porque não tem graça ser feliz sozinha.
Certo dia a menina acordou diferente, tudo era igual mas não o parecia. A menina achou que havia crescido, mas mal sabia ela que continuava a mesma, e só estava brincando de faz-de-conta com o resto do mundo.

7 Falaram que:

Anonymous Anônimo disse assim...

Lindo!
tb queria voltar a ser criança!
td era mágico e mais fácil.
crescer dói!
beijos e bom domingo

domingo, novembro 26, 2006  
Blogger .::Alice::. disse assim...

Excelente o texto. Gostei demais mesmo. Ai, ai, crescer é tão difícil...

domingo, novembro 26, 2006  
Blogger LucioInferro_Adolfo disse assim...

Bem querem matar a criança em cada um de nós.

cuidado pk tens muitos que nos querem roubar a alma por um punhado de lentilhas.
Cuidado menina, cuidado muito cuidado.

Não percas o brilho do sorriso.

Queres casar connosco?

segunda-feira, novembro 27, 2006  
Blogger Sara disse assim...

há coisas que preciso ser mulher e saber fazer-lhe frente...mas, algumas, eu prefiro "brincar de boneca"...

Quando eu era menina e amava como menina..a vida parecia ter um tom mais interessante..

boa semana Claire. x)

segunda-feira, novembro 27, 2006  
Blogger Uma mulher disse assim...

Que lindo!!!! me lembrou tanto a minha infância,mas a gente começa a ver as coisas diferentes logo logo,às vezes cedo demais.
Bjos

segunda-feira, novembro 27, 2006  
Blogger Bruna Pereira Ferreira disse assim...

Eu também não quero que o mundo descubra que cresci.
O mundo é medonho e eu não quero viver nele, quero a casa de bonecas que nunca tive, quero os meus 7 anos...
Texto lindo, o teu.

:)

segunda-feira, novembro 27, 2006  
Anonymous Anônimo disse assim...

é só voltar a dormir...

terça-feira, novembro 28, 2006  

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