de uso diário: Eu gosto de Portugal, eu gosto do Chico, e eu gosto de sarcásmo... (Atualizado)

de uso diário

Eu descreveria se pudesse.

sábado, setembro 30

Eu gosto de Portugal, eu gosto do Chico, e eu gosto de sarcásmo... (Atualizado)

Pra quem andou dizendo que nunca ouviu a música, ela está disponível aí ao lado, no "memória auditiva". Eu não ia deixar isso passar em branco. :D


Fado Tropical

Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril

Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo(além da sífilis, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar,trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."

Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas de Alentejo
De quem numa bravata
Arrebata um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal

"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me confesso

Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto

Quando me encontro no calor da luta
Ostento a agida empunhadora à proa
Mas meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa"

Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um Império Colonial
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um Império Colonial


Chico Buarque/Ruy Guerra


Gosto tanto dessa música. Sei lá porquê... E sim, eu sei que a música não é sobre Portugal, ao menos não diretamente.

2 Falaram que:

Anonymous Anônimo disse assim...

eu sempre gostei demais dessa letra, mas também ainda não ouvi a música.

é muito inteligente como ele mistura os elementos e funde os dois lados do Atlântico, dando toda uma nova interpretação à profecia do Quinto Império de Fernando Pessoa.

sábado, setembro 30, 2006  
Blogger Margarida disse assim...

É um poema fabuloso de Chico Buarque, de alguém tão grande como o seu país, e ambos não cabem em fronteiras.

"Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar"

Abraço daqui.

domingo, outubro 01, 2006  

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