de uso diário: novembro 2006

de uso diário

Eu descreveria se pudesse.

quarta-feira, novembro 29

ligue os pontos

A vista cansada. O corpo doído. A cabeça girando. Os braços jogados. A pernas doloridas. As letras miúdas. Gráficos. Hipérboles. Retas ascendentes. Descendentes. Curvas Normais. Exemplos. Questões. Explicações. Livros. Leia as letras pequenas. À noite. Madrugada. Pela manhã ainda lá. Não vale à pena no final. Expressão de agonia. Desapego ao resto da vida. Paredes que abduzem. Salas que prendem. Fecham as portas. Ninguém sai. Noites em claro. Pessoas em desespero. Choro. Riso pra evitar o choro. Inquietação visível. Vê-se nos olhos de cada um. E nos meus apatia, ou quase. Apatia que vem do enfado. Desprender-me do mundo. Só levar quem interessa. E nada mais. Dormir é supérfluo. Dormir é para os fracos. Dormir pra quê?. Culpa. Escapar. Sair. Gritar. Desabar. Fugir. E depois voltar. E tudo de novo. Novamente. outra vez. Ao mesmo tempo agora. Sem forças. Não agüento. Eu quero férias.

terça-feira, novembro 28

das dores do corpo (e da alma, quem sabe...)

Luzes! Muitas luzes! E o que eu já não sentia mais de mim mesma. Um desespero esporádico, porém nunca esquecido, até que o próximo chegasse. E daí vieram os leves abalos constantes de mim mesma, que deveriam ser preocupantes, mas apesar de terem sido notados, não foram levados adiante. E a agonia crescia, e o desespero de não saber com o que estava lidando só me desfocava do que era importante e racional. Pedir ajuda não adianta, ninguém que não está na pele do sofredor entende, a dor é única. Só quem sabe o que dói em mim sou eu.

domingo, novembro 26

não há rótulo

A menina vivia solta, lépida, saltitante até. Vivia sem saber o porquê da vida, mas isso não importava, na verdade. O que importava para a menina era brincar, e sorrir, e sentir o que ela nem sabia que sentia. Sentir o que é maior que as palavras, sentir o que é a imensidão do céu e do mar só de olhar. Sentir o vento no rosto e nos cabelos a desgrenhá-los. Sentir o quanto é bom um sorvete num dia quente e um chocolate quente num dia frio.
A menina era bela, mas não de uma beleza comum, convencional. Bem, isso também, mas era mais que isso, bem mais. Ela não precisava de roupas elegantes, penteados impecáveis e sapatos lustrosos. Era bonita assim mesmo, de cabelos presos em rabo-de-cavalo, a roupa mais confortável que achasse e pés descalços, tocando o chão, sentindo a terra.
Vivia feliz, com seus brinquedos improvisados e nem sempre caros, mas eram o bastante pra arrancar-lhe um sorriso. E que sorriso lindo. Um sorriso sereno, de quem sabe mais da vida do que deveria, e faz questão de não mostrar, pra não lembrar.
Ela pulava corda na praça, brincava de amarelinha na rua, gostava de subir em árvores e brincar de se esconder. Desenhava mundos fantásticos, criava histórias com final feliz. Dividia como ninguém sua felicidade, porque não tem graça ser feliz sozinha.
Certo dia a menina acordou diferente, tudo era igual mas não o parecia. A menina achou que havia crescido, mas mal sabia ela que continuava a mesma, e só estava brincando de faz-de-conta com o resto do mundo.

sexta-feira, novembro 24

Tudo está aqui

Não demore
Pra chegar
Vida minha
Eu tenho milhões de dias
Pra te contar
Eu já separei aquela que a gente gosta de tomar
Eu tenho sede
A mesma rede ainda está aqui
Ainda está aqui
Nossa nuvem de balançar
Todos os discos que quiseres ouvir
Todos os carinhos que quiseres sentir
Tudo está aqui guardado
Sabe aquela estrela que você dizia que era eu
Ela também fotografei
E pus num porta retratos
E também cada minuto sem você
Isso aqui fica assim sei lá
Venha ver
Venha ver



Tudo está aqui :: Luiz Gadelha

terça-feira, novembro 21

Do dia-a-dia, ou ainda: "Juízo pra quê?"

Duas bolas quicando na rua, bolas grandes e coloridas atrás das quais crianças corriam e sorriam. Uma senhora atravessava a rua no sinal aberto pra carros. Carros fazendo fila para que ela passasse em segurança. Um jovem se atirava na frente de um carro gritando: "Você tem coragem?!". E outra atirava o carro nos pedestre dizendo: "Andem logo! Vão!" E eu olhava tudo da janela do ônibus que passava por lugares diversos e custava a chegar ao meu destino. Dia de festa. Dia de jogo. Dia de tédio e tristeza. Músicas preenchiam o ar, músicas do CD que eu perdi. E todos faziam um balé descoordenado e assimétrico, belíssimo. Choro e riso se misturavam, tudo pelo mesmo motivo. E eu contava coisas inimagináveis a alguém que via pela segunda vez na vida. Carros na estrada de barro. Chuva e lama. Calor intenso. Tudo igual e ao mesmo tempo agora.
Eu coletei uma borboleta de asas transparentes numa certa trilha, quando voltei lá hoje, as árvores haviam desabado. Será?
Teoria do caos, mundo cíclico, filosofia oriental e essas coisas.
Nem sei do quê escrevo.

segunda-feira, novembro 20

Sobre formigas, borboletas e textos sem nexo (Atualizado!)

Por quê a formiga trabalha? A formiga só trabalha porque não sabe cantar. Claro, veja bem, se você soubesse cantar, você trabalharia? Não, claro que não, óbvio que não, evidente que não. E essa mania e dizer uma coisa de três formas diferentes? Sei lá...
A cigarra que é feliz. E toda aquela historinha com moral deturpada tenta nos enganar, dizendo que é melhor trabalhar ao invés de cantar. Tudo balela! Quem em sã consciência iria preferir isso?!
Borboletas também sabem viver bem, que nem a cigarra. Elas não cantam, ao menos não até onde eu sei. Mas elas voam por aí, e tudo bem que os custos existem e tal, e tem as dificuldades. Mas quem não tem dificuldades na vida? E elas ainda voam, olha que maravilha! Por falar nisso, esse dias peguei uma borboleta de asa transparente. Legal, né?

A formiga só trabalha porque não sabe cantar. A FORMIGA só trabalha porque não sabe cantar. A formiga SÓ trabalha porque não sabe cantar. A FORMIGA só TRABALHA porque não sabe CANTAR. A FORMIGA SÓ TRABALHA porque não sabe cantar. A formiga só trabalha porque não sabe CANTAR. A formiga só trabalha porque NÃO SABE CANTAR.

E pra finalizar, apresentarei mais um componente desta história toda, ele só trabalha, não canta, mas destrói tudo ao seu redor. Tudo em benefício da rainha e dos demais iguais.


Oi, eu sou um térmita!


Pode me chamar de Cupim também.






Tudo isso foi inspirado num momento concentradíssimo de prova, quando o professor começou a desenhar árvores, borboletas, passarinhos, rios e é claro térmitas, no quadro branco.







E à pedidos, a borboleta de asas transparentes:

Chorinea octauius


Não sei se é a mesma espécie, mas é o mesmo gênero. Ainda não sei a espécie da que coletei, mas as asas são assim mesmo.

sábado, novembro 18

contraditório explícito

Preste atenção, eu não jogo, mas trapaceio e minto como ninguém. Não minto por mentir, ou trapaceio por trapacear, mas é que se faz necessário quando se trata disso aqui. Não considero isso jogar, porque não me parece algo que tenha vencedores ou perdedores, e mesmo que tenham as mesmas lascividades, não é a mesma coisa. Um deles tem uma pitada de pureza que falta ao outro, não direi qual é qual. Eu amo, mas não jogo, ao contrário do que pensam uma coisa não está atrelada a outra. Sabe que no auge da racionalidade você consegue ver algumas estratégias executáveis aqui e alí, mas elas raramente são postas em prática, não se você é passional, e eu sofro disso.
O que acontece no momento crucial é uma pangeia, se me permitem, de sentimentos e algo de inexplicável, maior e mais expressivo que as palavras, ainda bem. E tudo o que resta são os sentimentos. O pensamento lógico e racional é facilmente varrido pra longe, e nós que pensamos que eles são mais fortes, nos enganamos. O domínio da racionalidade é temporário, dura até os sentimentos reais chegarem e tomarem todo o espaço que pensou-se preenchido.
Pense bem, caso seja necessário. O amor não é pra ser idealizado, apesar de ser. Você mente, rouba, trapaceia, mata, se mata, e através dele morre menos também, e faz até o impensável: joga. Com o que não tem valor estimado, mas que vale muito pra ser apostado.

sexta-feira, novembro 17

Esqueci teu sorriso...

Já esqueci
Fiz de tudo pra que não...
Quis ter de volta
Perdi e o tempo se perdeu
Devolve?
Quero tê-lo de novo aqui
O teu sorriso e tudo meu.

terça-feira, novembro 14

Hazy Cosmic Jive

E diz assim:

Mode "Vá pra meeeeeeerrrrrda" : on

Do verbo: Pare de encher o saco que eu não tenho!

segunda-feira, novembro 13

São 3 da manhã...

Tantas coisas dizem nada.
Poucas coisas dizem tudo, e de forma tão simples que ninguém percebe.
O que diz tudo pra mim não precisa ser elaborado.
O que ninguém nota.
O que ninguém nunca vai perceber.
Essas coisas sim, exercem um fascínio enorme sobre mim.
Manter a ligação entre acontecimentos esporádicos é difícil.
Nem tudo que é difícil vale à pena no final.
Várias coisas.
O essencial é invisível aos olhos?
Nem sempre.
O bocejo diante do comum.
Sempre. Quase tudo.
Sem o quase, acho.
Tanta coisa a dizer.
Eu nunca consigo.
Fica tudo preso aqui dentro, e vou soltando aos pouquinhos.
Atormentando os outros que me ouvem.
Provocando "nós na garganta" de quem quer me escutar.
Isso não é justo.
Um dia eu me domo.
E como grande final... Surpresa.

P.S.1: Prometo que nunca mais escrevo às três da manhã, pro bem de vocês.
P.S.2: Um mês pro meu aniversário. Inferno astral e essas coisas todas.

sábado, novembro 11

Pra quem não entende

Eu sempre quis ser crooner, desde criança. Talvez daí a melancolia. A tristeza ao ver a vida, pra depois cantá-la com mais sentimento, do jeito que deve ser. Porque cantar sem sentir é o mesmo que viver sem vontade, i.e., não tem sentido.

Minhas qualidades não são tão relevantes quanto os meus defeitos. O porquê só eu sei, e não tem nada a ver com baixa auto-estima. Só eu sei, só eu sei.

Odeio o jeito convencional dos psicólogos tão ou mais convencionais. É tão medíocre querer entender outro ser através daquelas técnicas falidas, fálicas, e tudo mais.

Minha imagem é essa aqui, eu não trabalho com simbologias. E não devolvo seu dinheiro, muito menos a satisfação.

Mas, doce irmã, o que você quer mais
Eu já arranhei minha garganta toda atrás de alguma paz
Agora nada de machado e sândalo
Você que traz o escândalo irmã luz
Eu marquei demais, tô sabendo
Aprontei de mais, só vendo
Mas agora faz um frio aqui
Me responda, tô sofrendo
Rompe a manhã da luz em fúria arder
Dou gargalhada, dou dentada na maçã da luxúria, pra quê?
Se ninguém tem dó, ninguém entende nada
O grande escândalo sou eu aqui


Escândalo - Caetano Veloso

sexta-feira, novembro 10

Da pessoa em questão...

A pessoa aqui em questão é uma pessoa meio vã (como um meio buraco, creio), vazia de tudo, e sem espaço pra nada. Ela, a pessoa digo, é bastante consciente, mas é uma consciência incoerente, então não vale de nada.
Este ser humano pensa, de vez em quando, quando não dói muito pensar sobre o que deve pensar. Ah, devo dizer que ela é bastante confusa nas suas ditas crises de racionalidade, mas isso é outra história.
A pessoa em questão não costuma se alterar com muita coisa, apatia à realidade aparentemente, mas só precavida e bem protegida em sua casa, geralmente em posição fetal, porque é sempre bom relembrar os bons tempos.
Ela não sabe sambar, não sabe compor, sabe sorrir e o faz com freqüência, não sabe escrever muito bem, tenta alguma coisa aqui e ali, mas nada é muito bem aceito pelo público.
Ela não pratica esportes, não sabe dançar, não sabe mentir. É uma boa atriz, mas não de palcos. Ninguém confia muito nela, mas até gostam de estar com ela. Ela não confia em ninguém, nem gosta de ninguém. Sempre foi assim.
Ela bebe, ela fuma, ela... Bem isso mesmo.
Ela é diferente e igual, tudo ao mesmo tempo. Tudo e nada. Sim e não.
A vida é assim... Mas ela discorda.

quinta-feira, novembro 9

Tomei um calmante, um excitante e um bocado de Gin

Me leve à sério e me esqueça.
É sério, me esqueça.
Não estou brincando.
Oras...

Tenho uma reclamação a fazer: Como é que uma pessoa que chega aos seus 20 anos, com um relacionamento teoricamente estável, na metade do curso de graduação e planos de continuá-lo e fazer até uma pós-graduação, problemas financeiros normais (acho...). Depois disso tudo, como uma pessoa dessas não pode ter um colapso e querer jogar tudo pra cima e só voltar pra apanhar tudo depois de um ano? Pois é, me disseram que não posso! Se eu fosse mais fodida um pouquinho eu poderia?! É essa minha reclamação, pronto.
Cansei!


Essa porra de ficar sozinho
Às vezes é fundo demais
Me fodo demais

Mofo - Luiz Gadelha e Simona Talma

quarta-feira, novembro 8

Vai!

Não podes
Não deves
Não vais
Não quero
Não te quero
Vai embora
Teu lugar não é aqui
Me deixa



Eu escândalo
Eu descarada
Eu covarde
Eu fraca
Eu sem você
Eu supero
Só faz um favor
Vai embora


P.S.: Não era pra rimar, ou pra ser bonitinho.

terça-feira, novembro 7

Fragmentos...

Ou coisas que são escritas enquando se escuta música brega.

Podem rir, eu fiz pra isso.
Eu mesma ainda estou gargalhando. É sério.

Só pra constar, ontem eu deixei escapar uma mariposa, podem rir disso também.

E ontem também tive que ouvir que ninguém ri das minhas piadas porque meu humor "é muito britânico".

***

E ele diz que Joana errou na dose, errou no amor. Joana errou de João. E diz mais, diz que a dor da gente não sai no jornal. E por isso tudo julga que aquela moça tá diferente, mas que não importa, porque sabe-se que do lado esquerdo do peito ela ainda o quer bem. E pra completar, ele perdoa tudo, até perdoa por te ter traído. E ache tudo muito bom.

***

Tire tudo. Não deixe nada aqui. nada pra mim nem pra você. Não quero nada entre nós, muito menos amor. Se tudo nessa vida é pra perder, que eu perca, mas perca pra ganhar depois. Amadora. Tire tudo, não quero ter nada para atirar ao chão ou contra as paredes além do meu corpo já vazio de lágrimas.

***

Amor da minha vida, vida. Só vivo pra morrer de amor, amor. Não quero carregar a mortalha do amor, amor. Não me deixe morrer de saudades, saudades. Vida, amor, amor, saudade. É isso.

***

Você foi embora numa manhã nublada, e eu fiquei aqui, o amor é uma chatice.

segunda-feira, novembro 6

Descarado

Recordar é viver. Viver é ver e rever. Quase sempre. Quase tudo. Como não aceitar isso e fechar os olhos pra tudo que já passou. O passado olha pro presente como quem olha pra um estranho e vice-versa. Passam, olham, se reconhecem e nem se falam, nem um bom dia é proferido, merecido, ou coisa assim. Sem perceberem que um dependeu do outro pra nascer e pra crescer. Bonito, forte. Mas é assim mesmo, tem horas que ninguém se reconhece, seja numa foto antiga, num espelho meio obtuso ou até mesmo nas falhas de memória.
E nem sequer percebem quando se sobrepõem, coitados. Ainda pensam que agem sozinhos, um por vez, não é assim. E veja, a sobreposição é uma coisa interessante, em várias ocasiões inclusive, até quando não se pode descartar nenhuma das duas partes e aí você junta tudo. Sabe aquilo de juntar-se a ele quando não os pode vencer? Pois é, funciona na prática. Quase sempre. Quase tudo.
E até quando não se quer, fica uma guerra dentro da gente, que por sinal é o nome de um livro muito bom, por causa desses dois birrentos que não querem se entender. E não sei se quem te fala agora está sobre influência do passado ou do presente, sei que sou eu, não estranhe, não fuja. Juro que sou eu. A menina que escuta David Bowie e Chico Buarque até os vizinhos pirarem; aquela que tem uma parede roxa no quarto e gosta de tirar fotos dos próprios olhos (é que eles são bonitos e expressivos). Sou eu, mas não sei quem é. Você faz muitas perguntas, como eu. Descarada, entenda como quiser. Quase sempre. Quase tudo.

domingo, novembro 5

Memorabilia

De como quando eu te ofereci o meu mundo, e de volta recebi um sorriso teu. Aquele sorriso era tudo o que eu queria, e descobri naquele momento que tentaria de todas as formas mantê-lo em teu rosto. Junto com o sorriso me veio um "sim", que de tão sonoro escuto até hoje. Porque cada dia que estás ao meu lado é um novo consentimento e uma nova chance pra algo que não vai ter fim.

Te amo. Feliz dois anos pra nós.

E a todos, bom Domingo que é lindo, novela, missa e gibi...


P.S.: Não era pra rimar.
P.S.: E sim, eu sei que é brega, mas o amor é brega.

quinta-feira, novembro 2

Desculpem o transtorno

, e de tanto que lutei cansei. E de tanto que sorri, sofri. E de tanto que chorei, aprendi. E de tanto que amei, e somente porque amei, vivi:

Isso tudo fica sem começo, e com um fim por escrever, como tudo que merece alguma atenção nessa vida, da qual só sabemos o começo porque nos é contado e que não termina quando vamos embora. Mas isso não quer dizer nada, e não deve ser motivo de preocupação.
Não se leve à sério demais. Não leve a vida tão à sério, até porque ela não merece respeito, aliás ela perde o respeito, mas não perde a piada. E ao fazer isso nos deixa no chão, prostrados. E depois faz o favor de nos levantar, como se não custasse nada a ela. Vida safada, 'sa fada, e s s a f a d a.

E de tanto escrever coisas sem coerência, ela pediu pra beber uma água e nunca mais foi vista.
É que a pessoa fica meio assim quando recebe isso por email:

Um homem pode ir ao fundo do fundo do fundo se for por você
Um homem pode tapar os buracos do mundo se for por você
Pode inventar qualquer mundo, como um vagabundo se for por você
Basta sonhar com você
Juntar o suco dos sonhos e encher um açude se for por você
A fonte da juventude correndo nas bicas se for por você
Bocas passando saúde com beijos nas bocas se for por você
Homem também pode amar e abraçar e afagar seu ofício porque
Vai habitar o edifício que faz pra você
E no aconchego da pele na pele, da carne na carne, entender
Que homem foi feito direito, do jeito que é feito o prazer
Homem constrói sete usinas usando a energia que vem de você
Homem conduz a alegria que sai das turbinas de volta a você
E cria o moto-contínuo da noite pro dia se for por você
E quando um homem já está de partida, da curva da vida ele vê
Que o seu caminho não foi um caminho sozinho porque
Sabe que um homem vai fundo e vai fundo e vai fundo se for por você

Moto contínuo - Edu Lobo & Chico Buarque